Duas mulheres de origens distintas, com destinos semelhantes, marcaram o noticiário policial brasileiro. Japinha do CV, morta durante uma megaoperação no Rio de Janeiro nessa terça-feira (28); e Senhorita Andreza, que ganhou notoriedade no Pará quase uma década antes. Ambas se tornaram conhecidas pelo envolvimento com o crime e pela forma como suas histórias repercutiram nas redes sociais.
Da guerra nas favelas à morte de Japinha do CV
Apontada pela Polícia Civil como uma das principais combatentes do Comando Vermelho (CV), Japinha, também chamada de Penélope, atuava na proteção de rotas de fuga e na defesa de pontos estratégicos de venda de drogas nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro.
Durante a megaoperação que deixou mais de 120 mortos e 81 presos, a criminosa foi atingida por um disparo de fuzil na cabeça, enquanto estava em uma das ruas da comunidade. Imagens que circularam nas redes sociais mostram que ela não conseguiu escapar para a área de mata, onde dezenas de corpos foram encontrados após os confrontos.
A cena brutal marcou o fim de uma trajetória cercada por ostentação e violência. Japinha era conhecida entre os aliados do tráfico e chegou a se tornar uma espécie de figura simbólica dentro da facção.
O caso de Senhorita Andreza e o “sem embaçamento”
A história de Andreza Ariani Castro de Sousa, mais conhecida como Senhorita Andreza, ganhou as manchetes em 2016, no bairro da Cabanagem, em Belém (PA). Um vídeo gravado por ela, convidando para uma festa regada a drogas e bebida, viralizou nas redes sociais com o bordão “sem embaçamento”, expressão que passou a identificá-la.
“Vamo beber um chopp, cheirar uma coca na manha, sem embaçamento. É… sem embaçamento”, dizia ela em tom de deboche.
Dois dias após a gravação, Andreza foi presa em casa ao lado do companheiro, Huanderson Ferreira Santos, o Andinho. A polícia encontrou porções de maconha e cocaína, munições e até materiais odontológicos, que ela dizia usar para realizar atendimentos caseiros.
Durante a prisão, manteve o mesmo tom irreverente. Riu, fez piadas e mandou recados aos “fãs”, afirmando que a “social foi cancelada”.
Prisão, fama e queda
Andreza passou 25 dias no Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, e chegou a desabafar sobre as condições da cadeia. Mãe de uma menina pequena, ela afirmou ter ficado quase todo o tempo sem ver o sol.
Após deixar a prisão, ela tentou mudar de vida. Trabalhou como manicure, participou de festas e até se candidatou a vereadora de Belém pelo PCdoB em 2016. Teve 789 votos, mas não foi eleita.
Tragédia e desfecho violento
A tentativa de recomeço, porém, durou pouco. Andreza presenciou o assassinato do marido, executado após sair de uma festa. Desde então, mergulhou no luto. Em 13 de abril de 2017, foi encurralada e morta a tiros em Belém, encerrando de forma trágica uma vida que transitou entre a exposição e o crime.
Diferentes no tempo e no contexto, Japinha do CV e Senhorita Andreza tornaram-se exemplos de como a combinação entre criminalidade, fama e redes sociais pode transformar pessoas em símbolos, e também em vítimas das próprias escolhas.
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