O que é a Campanha de Multivacinação?

Muitos podem se perguntar se a multivacinação se refere a uma nova vacina, mas o conceito é diferente. A campanha consiste em uma estratégia de saúde pública para intensificar a verificação e a atualização da situação vacinal da população-alvo. Durante o período da campanha, os postos de saúde de todo o Brasil estarão mobilizados para oferecer, em uma única visita, todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação que eventualmente estejam faltando na caderneta da criança ou do adolescente. O objetivo é otimizar a ida à unidade de saúde, colocando em dia múltiplas doses pendentes e simplificando a vida dos pais, além de fortalecer a imunidade coletiva.

Alerta Nacional: Por que a atualização da caderneta é crucial?

A mobilização deste ano ocorre em um cenário de grande preocupação para as autoridades de saúde. O Brasil, que já foi referência mundial em programas de imunização, enfrenta uma perigosa tendência de queda na cobertura vacinal nos últimos anos. Essa realidade acende um alerta para o risco do retorno de doenças graves, muitas das quais já estavam controladas ou até mesmo eliminadas no país.

A Queda na Cobertura Vacinal no Brasil

Dados do próprio Ministério da Saúde e de entidades como a Fiocruz indicam que, desde 2016, nenhuma das vacinas infantis obrigatórias atingiu a meta de cobertura preconizada, que geralmente é de 95%. Fatores como a desinformação, a disseminação de notícias falsas (fake news), a falsa sensação de segurança de que certas doenças não existem mais e as dificuldades de acesso durante a pandemia contribuíram para este declínio. A campanha de multivacinação é uma resposta direta a esse problema, buscando resgatar a confiança na vacinação e facilitar o acesso da população aos imunizantes.

Riscos do Retorno de Doenças Imunopreveníveis

A baixa cobertura vacinal cria "bolsões" de pessoas suscetíveis, tornando a sociedade vulnerável a surtos. Doenças como o sarampo, que teve seu certificado de eliminação perdido pelo Brasil em 2019 após um grande surto, são um exemplo concreto desse risco. Outras enfermidades graves, como a poliomielite (paralisia infantil), que está erradicada no país desde 1994, correm o risco de serem reintroduzidas se a cobertura vacinal contra o poliovírus continuar baixa. Manter a caderneta em dia não é apenas um ato de proteção individual, mas um compromisso com a saúde de toda a comunidade.

Guia Completo: Vacinas Disponíveis na Campanha

A campanha disponibilizará todos os imunizantes previstos no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para a faixa etária de 0 a 14 anos, 11 meses e 29 dias. Para esta ação, o Ministério da Saúde anunciou a distribuição de 6,8 milhões de doses extras. Confira abaixo as principais vacinas e contra quais doenças elas protegem:

Vacinas para Crianças (0 a 9 anos)

• BCG: Protege contra formas graves de tuberculose, como a meningite tuberculosa. Dose única, aplicada ao nascer.
• Hepatite B: Previne a infecção pelo vírus da hepatite B. A primeira dose é administrada nas primeiras horas de vida.
• Poliomielite (VIP/VOP): Essencial para a prevenção da paralisia infantil. O esquema inclui doses injetáveis (VIP) e as famosas gotinhas (VOP).
• Pentavalente: Uma única injeção protege contra cinco doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b.
• Rotavírus: Vacina oral que previne diarreias graves causadas pelo rotavírus.
• Pneumocócica 10-valente: Protege contra doenças causadas pela bactéria pneumococo, como pneumonias, meningites e otites.
• Meningocócica C: Previne a doença meningocócica tipo C, uma das causas mais comuns de meningite bacteriana.
• Febre Amarela: Protege contra a febre amarela, doença infecciosa grave. Indicada a partir dos 9 meses, dependendo da região.
• Tríplice Viral (SCR): Protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Fundamental para evitar o retorno de surtos.
• Hepatite A: Previne a infecção pelo vírus da hepatite A.
• Varicela (Catapora): Administrada aos 15 meses, previne a catapora, que pode ter complicações sérias.
• DTP: Dose de reforço contra difteria, tétano e coqueluche, aplicada entre 4 e 5 anos.

Vacinas para Adolescentes (10 a 14 anos)

• HPV (Papilomavírus Humano): Fundamental na prevenção do câncer de colo do útero, pênis, ânus e orofaringe. Disponível para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
• Meningocócica ACWY: Amplia a proteção contra a meningite, cobrindo os sorogrupos A, C, W e Y. Disponível para adolescentes de 11 a 14 anos.
• dT (Dupla Adulto): Reforço a cada 10 anos contra difteria e tétano.
• Febre Amarela e Tríplice Viral: Verificação do esquema vacinal e aplicação de doses, se necessário.

Como Participar: Passo a Passo para os Pais e Responsáveis

A participação na campanha é simples e totalmente gratuita. O processo envolve alguns passos importantes para garantir que a atualização seja feita de forma correta e completa, protegendo a saúde dos jovens.

Onde e Quando se Vacinar

Basta se dirigir a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), popularmente conhecida como posto de saúde, em seu município. A campanha ocorre durante todo o mês de outubro, em horário comercial. No sábado, 18 de outubro, acontece o "Dia D" de mobilização nacional. Nesta data, os postos de saúde funcionarão em horário estendido, facilitando o acesso para aqueles que trabalham durante a semana. É fundamental levar a criança ou o adolescente, um documento de identificação e, principalmente, a caderneta de vacinação.

O Papel Essencial da Caderneta de Vacinação

A caderneta é o documento que registra todo o histórico de vacinas recebidas. É por meio dela que os profissionais de saúde conseguem identificar quais doses estão em dia e quais precisam ser aplicadas ou reforçadas. Caso a família tenha perdido a caderneta, a orientação é procurar o posto de saúde onde a criança costuma ser vacinada, pois é possível que haja um registro eletrônico ou em arquivo para a recuperação do histórico. Não ter a caderneta em mãos não impede a vacinação, mas pode dificultar a avaliação precisa do esquema vacinal.

'Dia D' e a Tecnologia do Meu SUS Digital

Para ampliar o alcance da campanha, o Ministério da Saúde está investindo em comunicação digital. Uma das principais ferramentas será o aplicativo Meu SUS Digital (antigo ConecteSUS). Segundo o governo, serão enviados alertas e mensagens sobre a importância da vacinação para até 40 milhões de usuários cadastrados na plataforma. Essa estratégia visa lembrar os responsáveis sobre a campanha e a necessidade de verificar a caderneta dos filhos. O "Dia D", por sua vez, serve como um grande evento de conscientização, com ampla cobertura da mídia e esforço concentrado para vacinar o maior número de pessoas possível em um único dia.