O Pedido Oficial para Reabertura do Caso

A busca por respostas sobre as circunstâncias que levaram à morte de Vitória Regina, de 18 anos, ganhou força no cenário político paulista. O deputado Rafa Zimbaldi formalizou a demanda da família por meio de um requerimento, instrumento legislativo que insta o poder executivo a tomar providências. O documento, enviado ao gabinete do governador Tarcísio de Freitas, argumenta que a conclusão do inquérito policial deixou lacunas e não esclareceu pontos cruciais levantados pelos familiares da jovem.

Quem é o Deputado e o que Motiva a Ação?

Rafa Zimbaldi, parlamentar atuante na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), abraçou a causa após ser procurado pela família de Vitória. Em sua justificativa, o deputado destaca o sofrimento dos parentes e o direito fundamental a uma resposta clara e definitiva do Estado. “A dor de perder um ente querido é imensurável, e essa dor é amplificada quando pairam dúvidas sobre a causa da morte. É dever do Estado esgotar todas as possibilidades investigativas para trazer paz à família e à sociedade”, afirma um trecho do documento. A iniciativa de Zimbaldi visa transferir o caso para uma esfera de maior especialização, sugerindo que o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) assuma as novas diligências.

As Inconsistências Apontadas na Investigação Original

A principal motivação para o pedido de reabertura reside na insatisfação com a conclusão de suicídio. A família de Vitória Regina alega que o comportamento da jovem nos dias que antecederam seu desaparecimento não indicava qualquer intenção de tirar a própria vida. Eles apontam para o que consideram uma investigação apressada e com falhas processuais. Dentre as questões levantadas, estão a falta de uma análise mais aprofundada de possíveis ameaças ou conflitos que a jovem pudesse estar enfrentando, bem como a exploração de outras linhas de investigação, como a de homicídio ou feminicídio.

Especialistas em direito criminal apontam que a reabertura de um caso arquivado, embora não seja comum, é perfeitamente possível juridicamente, especialmente quando surgem novos fatos ou quando há indícios de que a investigação original foi falha. A pressão política e social, como a exercida neste caso, pode ser um fator determinante para que as autoridades reavaliem a decisão inicial.

Relembrando a Cronologia do Caso Vitória Regina

Para entender a complexidade do caso e a angústia da família, é essencial revisitar a linha do tempo dos acontecimentos que chocaram a população de Araçariguama e região.

O Desaparecimento em Araçariguama

Em fevereiro de 2024, Vitória Regina foi vista pela última vez ao sair do shopping onde trabalhava, na cidade de Araçariguama. Imagens de câmeras de segurança registraram seus últimos passos conhecidos. A partir daquele momento, iniciou-se uma busca desesperada por parte de familiares e amigos, que mobilizaram as redes sociais e a comunidade local em busca de informações sobre o paradeiro da jovem. O desaparecimento repentino e sem explicações gerou uma onda de comoção e preocupação em todo o estado de São Paulo.

A Descoberta do Corpo e a Conclusão da Polícia

A busca terminou de forma trágica em março, quando o corpo de Vitória Regina foi encontrado em uma represa na mesma cidade. Após a localização, a Polícia Civil de São Paulo iniciou o inquérito para apurar as causas da morte. Com base nos laudos periciais iniciais e nas primeiras oitivas, a autoridade policial concluiu o caso, apontando para um suicídio por afogamento. Essa conclusão, no entanto, nunca foi aceita pela família, que desde o início defendeu a tese de que Vitória teria sido vítima de um crime.

A Luta Incansável da Família por Respostas

Desde o arquivamento do caso, os familiares de Vitória Regina não mediram esforços para que a investigação fosse retomada. Por meio de manifestações, entrevistas e campanhas online com a hashtag #JustiçaPorVitóriaRegina, eles mantiveram o caso em evidência, clamando por uma análise mais detalhada e imparcial. A família argumenta que aceitar a conclusão de suicídio seria ignorar o perfil de Vitória, descrita por todos como uma jovem cheia de vida, com planos e sonhos, e sem histórico de depressão ou ideação suicida. É essa luta que agora encontra eco na esfera política, com o requerimento do deputado Rafa Zimbaldi.

Próximos Passos e a Possível Atuação do DHPP

Com o requerimento protocolado, a decisão sobre o futuro da investigação está nas mãos do governo estadual. O desfecho dependerá da análise do governador Tarcísio de Freitas e do Secretário de Segurança Pública de São Paulo.

O que Acontece Após o Requerimento?

O governador Tarcísio de Freitas deve encaminhar o pedido à Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), que, por sua vez, analisará a pertinência da solicitação. Caso o pedido seja acatado, a SSP pode determinar que a Polícia Civil reabra o inquérito. A designação do caso para um departamento especializado, como o DHPP, seria o cenário ideal vislumbrado pelo deputado e pela família, pois significaria o emprego de recursos e equipes com vasta experiência em crimes contra a vida de alta complexidade.

A Importância do DHPP em Casos Complexos

O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) é a unidade de elite da Polícia Civil de São Paulo, responsável por investigar os crimes mais graves e intrincados, como homicídios, latrocínios e desaparecimentos com suspeita de morte. A transferência do Caso Vitória Regina para o DHPP representaria um reconhecimento por parte do Estado de que a investigação inicial pode ter sido insuficiente. Uma nova investigação conduzida pelo departamento poderia incluir a reanálise de provas, a realização de novas perícias, a reconstituição dos fatos e a oitiva de novas testemunhas, tudo com o objetivo de elucidar, sem margem para dúvidas, o que realmente aconteceu com a jovem.